quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Manifesto Eurovisão

Em jeito de continuação do meu post anterior, mas dando um passo em frente... Eu não gosto da Eurovisão mas mesmo assim consigo ser fundamentalista e ter uma opinião. Acho que todos concordamos que um concurso de bandas europeu é algo impraticável. Assim sendo, tenho para mim que só existe uma forma de tal concurso fazer sentido: servir de mostra da cultura de cada país. Quando os franceses deixaram de acreditar que falavam a língua mundial, o inglês terminou de dominar o mundo e a Eurovisão passou a ser ganha pela Irlanda/UK. Aí, alguém teve a ideia de génio de eliminar a regra mais importante: enquanto antes apenas se podia cantar na língua do país de origem, agora qualquer um podia usar a língua que quisesse. Que é como quem diz: a partir de agora todos podem cantar em inglês, porque os malditos dos insulares têm vantagem por já falarem o idioma global de nascença. Ora se a ideia do concurso já parecia fazer pouco sentido nos anos 90, passou a fazer ainda menos, já que a a única diferença entre a participação da Macedónia e da Bélgica era o número de bailarinos (o que nos poderia levar à minha teoria sobre a razão número de bailarinos/qualidade do artista, mas isso terá que ficar para outra altura).
Voltando à questão da cultura... defendo então o regresso da obrigatoriedade de cantar na sua língua de origem. Os acéfalos acharão o argumento fascista. Os mais elucidados perceberão como isto se inclui no ideário actual da Europa, em que a uma integração económica cada vez mais profunda nesta era de globalização se deverá opôr um movimento de preservação das raízes culturais de cada povo. Não creio que estas estejam em risco - a chamada world music continua a ter grande destaque - mas nem todos os países as preservam da mesma maneira. Mas a mudança não se faz com regras, faz-se com mentalidades.
Falando do caso português, que é o que me diz respeito, não precisamos de fazer algo só porque Montenegro e a Letónia também fazem. O objectivo não deverá ser o de vencer, já que o cartel balcânico tratará disso nos próximos anos. Assim, de que interessa levar músicas de discoteca, metade em inglês e metade em português, cantadas por artistas pouco vestidas ou técnicos de cosmética? Porque não concentrarmo-nos em levar algo verdadeiramente representativo?
Entenda-se que não defendo condicionalismos ao concurso. Os pirosos podem continuar a ter o seu espaço. Isto é mais uma descrição do que seria a minha participação ideal. A do ano passado já esteve mais perto disso do que a dos anos anteriores. O que ninguém pode negar, e que tem que dar que pensar, é que a melhor classificação de sempre foi a da Lúcia Moniz, nos seus 19 anos e de cavaquinho ao peito. A música, com sonoridades a piscar o olho ao tradicional, conta com o acompanhamento dos bombos e uma letra bem portuguesa. Em 1996 foi o 6º lugar. Agora, pelo menos, seria música com qualidade e sentido.



Há tantas bandas folk por aí a reivindicar a reinvenção das tradições mas a queixarem-se de falta de divulgação... eu gostava de as ver no Festival RTP da Canção. Quem diz folk, diz fadistas e derivados. Algo marcadamente português. Quem sabe corria bem e o público gostava. Podiam não ganhar mas abriam portas a outros. E podiam até ganhar e ir à Europa. E podiam, como a Lúcia Moniz, mostrar que as particularidades ganham sempre à clonagem. Se não em votos, em honra.

Para terminar, fica o vídeo da 2ª melhor prestação lusa de sempre. Porquê? Porque é fixe! :)


O melhor álbum do ano

Ainda nem Janeiro chegou ao fim e já andam as senhoras internets a dizer que o álbum do ano é este ou aquele. Principalmente aquele!!

Além de ser obviamente cedo para escolher um álbum do ano, na minha humilde opinião pessoal nenhum desses dois álbuns é o melhor do mês, sequer! Ponham os ouvidos nesta beleza masé:

E esta nem é a melhor música do álbum:


O álbum é The Empyrean do John Frusciante e aconselho a audição de uma ponta à outra. As músicas variam bastante entre si o que mantém este docinho interessante. Ouça-se por exemplo Song to the Siren, nada mais, nada menos que uma cover de Tim Buckley. Não vou spoilar mais. Ouçam e tirem as vossas conclusões!

Festival da Canção

Houve um tempo em que o Festival da Canção era o maior acontecimento musical nacional. Um tempo em que o canal público de televisão tinha orquestra e o povo oprimido respirava e suspirava com as músicas e letras que todos os anos representavam Portugal no Festival da Eurovisão.
Depois veio a descredibilização e o desgaste do formato, com o mau gosto das músicas e as cantorias em inglês. De vez em quando lá vinha uma inovação qualquer para tentar relançar o festival. Nos últimos anos, não havia concorrentes mas convidados: a organização convidava os produtores do costume para comporem uma canção e arranjarem um macaquinho para a cantar. Houve anos que correu bem, outros mal (em termos musicais, não de classificação).
Este ano recebi com agrado a notícia de que as candidaturas voltariam a ser abertas. Qualquer um podia fazer a sua musiquinha e candidatar-se. A RTP recebeu 393 maquetes, lá escolheu os finalistas. Há votação na internet e haverá depois o espectáculo com a antiga votação por distrito.
Ainda tive esperança de lá ver alguma banda mas parece-me que é só artistas a solo/duo. Eu não sou fã da Eurovisão mas até gostava que levássemos algo em condições. Podiam ir os Deolinda, que estão aí na berra e gostam de se afirmar como tugas. E o faduncho até está na moda. Vai-se a ver e o ano em que tivemos melhor classificação não foi quando levámos passos de dança e ritmos de discoteca mas a cândida Lúcia Moniz de cavaquinho na mão. Mas as bandas têm vergonha de ir. Longe vão os tempos do José Cid, dos Da Vinci, ou lá fora dos Abba e dos Nightwish (ok, este não foram, mas só porque ficaram em 2º lá na terra deles)
Assim, na frente segue a Luciana Abreu, mas não sem polémica, já que nos últimos dias foram desaparecendo milhares de votos. Porquê? Porque o Sapo lá fez as suas vistorias de rotina e descobriu votos fraudulentos (coisa nunca vista na internet) por emails criados só para votar e outras trafulhices que tal.

Metallica em Portugal?

O Correio da Manhã diz que os Metallica serão cabeças de cartaz do Alive! deste ano, apesar de não revelar a fonte e afirmar que o diz sem confirmação dos organizadores. Também diz que os Slipknot os acompanham. E também diz que o David Bowie é culpado da crise económica. E também diz muitas outras coisas. A ver vamos.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A ressurreição do vinil


Longe vão os tempos em que só existia o vinil. Nesses tempos, os álbuns só podiam ter 45 minutos (uma benção, por vezes), nos belos LP's de 33 1/3 rpm com artwork de 30x30 cm. Apesar de anunciada a sua morte aquando da chegada das K7's e CD's, a verdade é que o vinil subsistiu no mundo do coleccionismo, audiófilos e DJ's.
Nos últimos anos assistiu-se a um aumento da popularidade do formato, entre as afirmações da parte dos audiófilos de que a gravação em vinil contém uma maior gama de frequências que, apesar de inaudíveis, interferem com a experiência de audição. Nem o surgimento do SuperAudio CD (SACD) fez abrandar o crescimento, com bandas a voltar a editar no formato vinil, e os antigos LP's e maxi-single a marcarem presença em qualquer loja de música, feira de antiguidades ou site de leilões.
Tal ressurreição vem ser agora comprovada com dados locais: «no primeiro semestre de 2007 foram registados quatro pedidos de discos de vinil das lojas às editoras, ao passo que, em igual período de 2008, registaram-se 2174 pedidos, um crescimento de 54.250 por cento
Também lá fora, e «segundo dados do sistema Nielsen SoundScan, que monitoriza as vendas de discos nos Estados Unidos da América e no Canadá, o formato de LP vendeu mais em 2008 do que em qualquer outro ano desde que o sistema entrou em vigor, em 1991».

A música toma conta de mim

Diz num rascunho que a Casa da Música, em parceria com a Escola Superior de Educação do Porto, vai passar a ter um serviço que toma conta dos miúdos quando os pais vão aos concertos. Continuo a achar que era melhor que os pais levassem de facto os petizes ao concerto que vão ver (excepto se for de música contemporânea, que também não é preciso traumatizar as crianças) mas a ideia não deixa de ser interessante.
A iniciativa «propõe oferecer aos mais pequenos uma série de actividades, que terão como fio condutor o programa musical a que os mais velhos estão a assistir. Jogos, experiências musicais com instrumentos, histórias e desenhos prometem entreter as crianças, dando-lhes a conhecer aspectos da vida dos compositores e das peças musicais que estão a ser interpretadas, ou do período da história da música em que viveram.»

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Génio? Louco? Farsante? Brincalhão?

Será o autor disto: um génio? um louco? um farsante? um brincalhão?

Bem, sem querer adiantar muito, esta é pelo menos das ideias mais bizarras que alguma vez alguém terá tido, e confesso que fico sempre boquiaberto com a realização da ideia, não só em termos sonoros mas até, sobretudo, em termos visuais. Haverá imagem mais improvável que esta? Imaginem só os meios que envolveu...

De qualquer forma, arriscar-me-ia a dizer que, precisamente porque existe uma realização, estamos muito longe de uma mera arte conceptual, de um mero happening - aliás, quanto a mim, arte (por essência) conceptual é mais ou menos uma impossibilidade lógica - e não estou sozinho. Mas deixo a avaliação ao vosso critério...

Cá vai:

Este agora vive cá

Diz o IOL música, que o «realizador Emir Kusturica e a sua No Smoking Orchestra regressam a Portugal nos dias 17 e 18 de Abril para dois concertos no Pavilhão Rosa Mota (Porto) e no Campo Pequeno (Lisboa), respectivamente.»

Plus Ultra

Poucas bandas se orgulham de ter mandado tudo o que é mainstream às urtigas (com o dedo do meio) e terem atingido o estatuto de objecto de culto nacional.

Os Zen foram uns deles. E todos tínhamos saudades da pele que o Gon deixa em palco (The Bombazines é bom mas é pouco).

Este senhor pegou então no Kinorm, um outro indibido que por acaso era baterista de outra banda de culto nacional, e que neste momento se encontra no nível de "a-tocar-para-caralho", juntou-se ao Azevedo, o senhor dos riffs de Mosh (ou de Insert Coin, para aqueles com melhor memória), e criou os Plus Ultra.

O concerto que deram esta semana no Armazém do Chá mostrou um bocadinho com que é que podemos contar. Mas atenção, há que estar com o olho atento, já que a "31 Dez 2010 vamos acabar, e depois?"

domingo, 25 de janeiro de 2009

Paralelismos...

Star Wars Cantina num Chapman Stick


Star Wars Cantina num... Par de mãos?

Realejo @ Lavra

Foi um bom espectáculo o que os Realejo deram em Lavra na semana passada. Conhecidos nos anos 90 por uma certa eruditização da música tradicional portuguesa, souberam reinventar-se nos anos recentes, com a inclusão de percussão e voz, "modernizando" a sua abordagem aos temas tradicionais (e continuando a apostar em originais).
Integrado nas jornadas da Escola de Música local, o concerto teve o seu lado de didáctico e o seu lado de festa, num auditório bem composto (~400 pessoas). O mestre de cerimónias Amadeu Magalhães esteve exemplar no bandolim, cavaquinho, concertina, gaitas e flautas, muito bem ladeado por Fernando Meireles, conhecido construtor e tocador de sanfona. A dupla do GEFAC apareceu acompanhada do simpático Miguel Veras (guitarrista de Júlio Pereira) e havia ainda um set de percussão interessante, aliando percussão tradicional (dois adufes na horizontal, percutidos com baquetas) à mais convencional (tarola, bombo, hi-hat). A completar o quinteto, em metade das músicas, a melhor voz do panorama folk actual: Catarina Moura, também da Brigada Victor Jara.
A rever numa próxima oportunidade.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Novas do mundo do download

- Numa altura em que a Apple vai deixar o DRM, a Microsoft prepara-se para o implementar no seu MSN Mobile Music Service. A entrevista da PC Pro ao responsável da secção Mobile da Microsoft UK é surreal. Entre o facto reconhecido de se perder as músicas quando se muda de telemóvel e declarações como «There may well be people who just want to listen to the track on their mobile alone.», fico sem compreender como se pode pensar em dar passos que são verdadeiros retrocessos.

- «Um tribunal italiano decidiu absolver dois estudantes que partilharam ficheiros em redes peer to peer (P2P). O juiz justifica-se dizendo que os acusados não lucraram com o acto pirata.» Bom senso é o que se pode ver na notícia da Exame Informática.

- Uma iniciativa inédita, como noticiado pela NME, está a causar polémica. Defendem as autoridades governamentais da Ilha de Man (uma ilha britânica, para quem não conhece) a possibilidade dos seus cidadão fazerem downloads de música ilimitados e legais a troco de uma taxa anual.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Bowie é o culpado da crise

Já não bastava ser o culpado da criação do glam rock e da homossexualidade, David Bowie é agora acusado de ser também culpado da crise económica! Ok, o Ziggy Stardust and the Spiders From Mars é um grande álbum e ele não tem culpa dos Placebo e a cena da homossexualidade vi num site demasiado fascisto-religioso... mas a da crise económica é a sério. A notícia é de uma estupidez deliciosa. Ainda me custa a acreditar que seja mesmo uma notícia de um jornal (mesmo sendo do Correio da Manhã) e não a composição sobre «A Crise Financeira» do Tó Zé do 7ºC. A legenda da figura dá o mote: «Bowie criou um mecanismo financeiro de consequências imprevisíveis». Leiam o resto:

«O 'camaleão' David Bowie foi apontado como o responsável pela actual crise financeira mundial. De acordo com a Imprensa britânica, a origem da crise começou com uma manobra financeira efectuada por Bowie.
Tudo começou em 1997, quando Bowie se lançou no mundo da alta finança, com uma operação a que chamou 'securitização', que se resume do seguinte modo: em vez de esperar pelo retorno dos direitos de autor dos próximos dez anos, Bowie vendeu esses mesmos direitos e embolsou o dinheiro de imediato. Como? Através dos Bowie Bonds, títulos que garantiam aos investidores um bom retorno.
Porém, tudo descambou quando os bancos pegaram na ideia do 'camaleão' e começaram a vender as hipotecas que possuíam, criando um papel, um título de securitização, que garantia bom retorno aos investidores. O risco passou então para os compradores, muitos deles companhias de seguros. Por outro lado, os bancos compraram também títulos, ficando de novo com hipotecas de pessoas que não as conseguiam repagar. O preço dos títulos caiu a pique, os bancos perderam milhões e... estalou a crise.»


Ora a ver se percebi: o Bowie, além de ter inspirado imensos músicos ao longo dos últimos anos, também inspirou os senhores da alta finança? Aposto que os depósitos a prazo vêm de uma música do Hunky Dory e os fundos de capitalização do Let's Dance.

Vocalistas pra rua

Foi o que aconteceu ao dos Biffy Clyro, expulso do concerto quando os seguranças o acharam mais um fã demasiado exaltado no meio do público.

«A banda estava a actuar em Birmingham, em Inglaterra, quando se viu em palco sem saber o paradeiro do vocalista. Entretanto, no backstage, Simon Neil era impedido de regressar à cena pelos seguranças que pensaram tratar-se de um fã e o forçaram a abandonar o recinto.»

Notícia completa na Blitz.

Uma Teoria da Arte



Andando há uns meses mergulhado nesta obra, já era tempo de escrever um post sobre isso. No que creio que será o primeiro post sobre estética no inarmónico.

Escrito por um musicólogo de sólida formação filosófica - Karol Berger - este A Theory of Art é uma obra de referência na reflexão estética actual. Em traços muito gerais - este post pretende ser apenas uma pequena chamada de atenção - o livro opõe-se a uma visão da arte (da estética) separada da dimensão ética e moral - estas dimensões são essenciais na sua concepção de arte. A pergunta central que subjaz à obra é, assim:

"What, if anything, has art to do with the rest of our lives, and in particular with those ethical and political issues that matter to us most?"

Este princípio tem grandes implicações, quanto mais não seja porque coloca o dedo na ferida em relação a muita da arte actual. Para Berger, algumas das funções centrais que a arte pode cumprir (a título de exemplo) dizem respeito a iluminar a nossa existência real ou a conceber a existência de mundos utópicos -a arte tem, por isso, implicações ao nível ético, ao nível dos valores, ao nível da vida em comunidade...

Outro aspecto interessante é que a música ocupa um espaço central nesta Teoria da Arte (o que é, aliás, bastante raro em obras deste tipo). Assim, todo um capítulo é dedicado a uma perspectiva histórica da evolução da música.

Podemos concordar com a visão do autor em maior ou menor grau, mas uma coisa é certa, é uma obra absolutamente fascinante!

Pode ser comprado aqui e parcialmente lido aqui.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

4 x 36



4 acordes, 36 músicas.

Nancarrow

No século XX - e suponho que também noutras épocas - há alguns compositores que poderiam ser chamados, com toda a propriedade, marginais. Desenvolvendo o seu estilo praticamente isolados do resto do mundo, alheios às preocupações mais características do seu tempo, são mais tarde redescobertos e inspiram novos desenvolvimentos. Lembro-me, na primeira metade do século XX, de Varése e, na segunda, de Scelsi e de Nancarrow.

Este último - Conlon Nancarrow - começou a compor, a partir da década de 1940, uma série de peças para pianola, escrevendo directamente nos rolos perfurados (só mais tarde a sua música seria transcrita para notação convencional) - note-se como é uma técnica em tudo similar a quem escreve hoje directamente instruções midi num qualquer sequenciador. Sem entrar em muitos detalhes, é uma música de uma incrível complexidade rítmica (os compositores, embora geralmente sádicos em relação aos intérpretes, como é sabido, ainda se contêm um pouco - ora, com um sistema automático de execução, podem dar livre curso ao seu sadismo e loucura latentes...); já o aspecto melódico e harmónico é geralmente criticado por ser primitivo e popular (esta última parte nunca é explicitada, mas está sempre implícita...) o que, quanto a mim, é bastante injusto (a identidade desta música depende precisamente disso).

Alguns exemplos:

Study no.5 for player piano (reparar o inacreditável crescendo de textura!)




Study no. 11 for player piano



A partir dos anos 70, esta música veio a influenciar a obra de muitos compositores, desde logo Ligeti e Grisey. Vejam lá se esta peça não tem algo a ver com as anteriores:


Ligeti - Étude nº 1 "Désordre" (por falar em atitudes sádicas dos compositores face aos intérpretes...)

Umbilical

Desculpem o carácter grotesco mas o Cyanide and Happiness é mesmo assim.

Secura #1

- Sabem quanto leva o The Edge (guitarrista dos U2) por cada concerto?
- Nada. Toca sempre pro Bono...

SXSW

O conhecido mais-que-um-festival South By Southwest vai contar este ano com as presenças lusas de Clã, Legendary Tiger Man, David Fonseca (este já é repetente), Buraka Som Sistema e Rita Redshoes.
É bom ver cada vez mais artistas portugueses por lá, algo inimaginável há poucos anos.

Eu já não era o maior fã dos U2

Mas é de mim... ou a nova música deles soa a Mesa?

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

João Aguardela

João Aguardela morreu ontem em Lisboa aos 39 anos, vítima de cancro. Deixa obra nos Sitiados, Megafone, Linha da Frente e n'A Naifa, sempre com um espírito inovador e muito pessoal na reinvenção da tradição.

Mais detalhes na blitz e no blog d'A Naifa.

Bandas sonoras

Venho abrir um desafio: que os companheiros inarmónicos indiquem um filme cuja banda sonora lhes tenha especialmente impressionado. Podia indicar mais de meia dúzia - lembro-me de repente do Vertigo de Hitchcock, do Crash de Cronenberg, do Solaris de Tarkovsky, da Sarabanda de Bergman e tantos, tantos outros...

Mas nenhum me deixou tão boquiaberto como o Notre Musique, do Godard - ver aqui; a primeira parte do filme (o Inferno), em particular, deve ter a banda sonora mais assustadora da história!

Ver aqui o início:



E ainda outros exemplos (que não fazem justiça ao filme, claro, só no contexto tudo funciona):


O trailer:




(esta música para piano, cujo compositor ando há anos a tentar descortinar, é inacreditável!!!!!)


Excertos vários:

domingo, 18 de janeiro de 2009

Passado de Slimmy Revelado

Goste-se ou não, Slimmy é um dos artistas portugueses com mais êxito nos últimos anos. Embora muita gente ache que este senhor surgiu do nada, desengane-se, pois venho agora revelar o seu passado na música.

Slimmy começou a sua carreira nos saudosos anos 70 como baixista dos Xarhanga, acompanhado na guitarra eléctrica por não outro senão Júlio Pereira!

Embora na altura usasse o pseudónimo Carlos Patrício, consegui imagens exclusivas que comprovam esta colaboração fantástica:

Como podemos comprovar na capa de Acid Nightmare de 71, Slimmy estava presente!

Slimmy comprova assim que não só tem um belo passado na música como se sabe fazer acompanhar dos melhores músicos. Reparem como é um artista camaleónico e versátil!

Coincidências (ou não...)

Quem terá dito isto: (1)

‘The reason I liked punk music from the early eighties is because it falls outside the tonal framework. A lot of good rock music had been done – I grew up with Pink Floyd and Emerson Lake & Palmer – they did wonderful things and it is music that on many levels has been important to me. These progressive groups appeal to me – the Rolling Stones and the Beatles – their world is alien to me. It would not be true to say it did not mean anything because the quality of their pieces is amazing but the expression wasn’t so compelling or important".

E isto: (2)

“When I heard ‘OK Computer,’ after five minutes I said, ‘I actually get this. I understand what these people are trying to do.’ And what they were trying was not so drastically different from what I was trying to do.”
"They’re not predictable, and the form is not boring. There’s a sense of humor and self-irony in the music, which is very rare in the world of rock and pop because those people take themselves very seriously. It’s really refreshing to hear a little bit of distance.”


E isto: (3)

“Ciò che mi interessa in modo particolare è che la musica pop richiede quello stesso ascolto dissociativo [un ascolto che si concentra sulle azioni del produrre suoni]. Questa musica ha davvero raggiunto la coscienza di amplissimi strati sociali. Ma se si ascoltano la nuova musica e la musica pop con le stesse orecchie, si scopre – il mio ragionamento parte dal nostro versante, cioè dalla nuova musica – che attualmente attraverso la musica pop rientrano alcuni aspetti che sono stati introdotti dalla nuova musica"

"O que me interessa particularmente é que a musica pop requer esse mesmo tipo de escuta dissociativa (uma escuta que se concentra nas acções de produzir som). Esta música atingiu verdadeiramente a consciência de amplos estratos sociais. Mas se ouvirmos a nova música e a música pop com os mesmos ouvidos, descobre-se - e o meu raciocínio parte do nosso quadrante, o da nova música - que através da música pop aparecem realmente certos aspectos que foram introduzidos pela nova música".

E isto? (4)

“Col suono elettronicamente manipolato del rock si ha una situazione abbastanza simile a quella della musica elettronica: se la fedeltà della riproduzione è sacrificata, il contenuto della registrazione ne soffre sproporzionatamente perché quello che si perde non può essere compensato dall’ascoltatore ed è, appunto, irrimediabilmente perduto. Avviene così che sia il rock che la musica elettronica – tutt’e due creature della radio e del suo macchinario di massa – siano paradossalmente incompatibili coi mezzi di diffusione che ne hanno provocato lo sviluppo. […] Microfoni, amplificatori, altoparlanti diventano quindi non solo una estensione delle voci e degli strumenti ma diventano strumenti essi stessi, sopraffacendo talvolta le qualità acustiche originali delle sorgenti sonore. Uno degli aspetti più seducenti dello stile vocale rock è, infatti, che non ne esiste alcuno. Le voci degli esecutori sono ingigantite in tutta la loro naturalità e tipicità, istituendo con gli stili di canto formalizzati lo stesso tipo di relazione che, in un film, il primissimo piano di un viso istituisce con un ritratto classico.


"Com o som electronicamente manipulado do rock temos uma situação bastante similar à da música electrónica: se a fidelidade da reprodução é sacrificada, o conteúdo da gravação sofre de forma desproporcionada porque aqeuilo que se perde não pode ser compensado pelo ouvinte e é irremediavelmente perdido. (...) Microfones, amplificadores, colunas tornam-se portanto não apenas uma extensão da voz e dos instrumentos mas tornam-se eles próprios instrumentos e sobrepondo-se às qualidades acústicas originais da fonte sonora. Um dos aspectos mais sedutores do estilo vocal rock é, com efeito, que não existe verdadeiramente nenhum. As vozes dos executantes são potenciadas em toda a sua naturalidade e tipicidade, instituindo com o estilo de canto formalizado o mesmo tipo de relação que, num filme, o primeiro plano de um rosto institui com um retrato clássico".


Pois os autores são os seguintes:


1) Magnus Lindberg (cf. aqui);

2) Esa-Pekka Salonen (cf. aqui);

3) Dieter Schnebel (cf. aqui);

4) Luciano Berio (cf. aqui).


Deve haver muito mais exemplos de atenção dada por compositores contemporâneos à música rock. E a influência desta música na deles não está ainda, creio, suficientemente documentada. No ponto 2 do texto referido - este - encontra-se uma interessante reflexão sobre a matéria.

E, claro, até o Boulez gravou música de Zappa...

Uma Francesa que se Depila

Estou tããããoooo feliiiiz!! Descobri que algures em 2008 a Coralie lançou um álbum novo!!

cuteness :D~~~

Ela é tão fófínhaaaaaaaa... Este álbum (Toystore) está mais "cantado", nos anteriores quase só sussurra e suspira as músicas em francês (e nem imaginam como isso é bom) e está mais aventureiro em termos instrumentais.

Ao ver a tracklist fiquei de pé atrás. Há uma música em inglês e outra em italiano. Pensei que iam ser piores. Se bem que é em francês que esta menina brilha, em inglês acabo por ter piada por causa do sotaque.

Para além de me fazer comportar como uma menina de 14 anos, este álbum está mesmo interessante. Ideal para belos dias de chuva passados na sorna.

Coralie Clément - C'est La Vie

sábado, 17 de janeiro de 2009

Stitches Out

Raramente (ou nunca) se fala aqui de Hardcore, apesar de se falar muito de bandas portuguesas. E apesar de só saber disto quem se interessa, o Hardcore é um "movimento" bem representado neste penico à beira mar plantado: bandas boas, publico entusiasta (e que vai a concertos!), bandas estrangeiras a passarem cá com regularidade...

Tudo isto para dizer que os Step Back!, para mim a melhor banda do norte do país, lançaram um novo EP, Means to an End, e um novo vídeo:

Step Back! - Stitches Out (eles parecem uns mafiosos mexicanos mas são bons rapazes)


Star-Spangled Banner

Bruce Springsteen, U2, Beyoncé, Jon Bon Jovi, Shakira, Mary J. Blige, Garth Brooks, Sheryl Crow, Renée Fleming, Mstr. Sgt. Caleb Green, Josh Groban, Herbie Hancock, Heather Headley, Bettye Lavette, John Legend, Jennifer Nettles, John Mellencamp, Pete Seeger, James Taylor, Usher, Will.i.am e Stevie Wonder.

O que é isto? É a lista dos artistas a actuarem no concerto de domingo (18 de Janeiro) inserido nas festividades da tomada de posse do Obama.

3ª feira seguinte é a vez da gala «Neighborhood Ball» com Beyoncé, Mary J. Blige, Mariah Carey, Faith Hill, Jay-Z, Alicia Keys, Shakira, Stevie Wonder e Nick Cannon.

Ninguém trabalha a componente de espectáculo da política como os américas. Se bem que os comícios do Alberto João com banda de baile e os concertos do Tony Carreira na campanha socialista açoriana não podem ser esquecidos.

in iol música

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

30 anos, 30 chibatadas

...em honra dos Xutos & Pontapés, que fazem 30 anos de «constante reinvenção». Yeah, right. O "novo" flagelo chama-se «Quem é Quem».


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Inarmónico: Serious Business

Este blog esta a ficar muito sério...

Alegria juventude!! Deixai para lá esses negócios das legalidades e força nessa revolução!!

Banda sonora ideal para a revolução:

A maçã continua podre

Os senhores da Apple merecem muitos elogios meus no mundo dos computadores mas no que toca ao iTunes sempre se portaram como puros homens de negócio, para o melhor e para o pior. Não sejamos ingénuos ao ponto de esperar ver valores e princípios de amor à cultura vindos de quem entrou no mundo da música do lado do vendedor.
Pois então não há bela sem senão. Depois da óptima notícia do fim da DRM eis que surge um artigo do CNET a alertar para o facto de que os ficheiros sem DRM contêm, no meio de muitos bits e bytes, o email de registo no iTunes. Deste modo, poderá ser facilmente identificado o autor da partilha desses ficheiros numa qualquer rede P2P.

in CNET via lifehacker

Sextas Culturais de Águeda

As Sextas Culturais Águeda 2009 são uma iniciativa da Câmara Municipal de Águeda, com programação e produção da d’Orfeu Associação Cultural. O cartaz para o primeiro semestre - um concerto por mês - é muito bom e pode ser consultado aqui. Depois do concerto de Janeiro ter ficado a cargo do histórico senhor Sérgio Godinho, podemos ainda contar com:

- Couple Coffee & Band (Fevereiro)
- Rodrigo Leão (Março)
- TGB (Abril)
- Luar na Lubre (Maio)
- A Verdadeira Treta (Junho)

Se for como para o 1º concerto, teremos bilhetes a 5€ se comprados até à véspera!

PS: quem andar à procura de concertos do Rodrigo Leão, tem-nos dia 30 deste mês em Coimbra e a 26 e 27 de Fevereiro em Espinho.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Blitz rant

Não vou questionar a credibilidade jornalística do (ou da, sei lá se me refiro como revista ou jornal) Blitz mas se os senhores querem estar na internet têm que o saber fazer em condições... Gerir conteúdos multimédia é mais do que copiar o código do embedded de vídeos aleatórios do youtube e impera algum bom senso.
Vejamos o exemplo da notícia «Especialista elege 10 álbuns "criminosamente ignorados" em 2008 - oiça aqui» que me chamou à atenção. Pensei eu que era uma bela oportunidade para conhecer artistas bons e underground (ou apenas underground). Pelo menos, assim parecia prometer e o «oiça aqui» ainda mais interesse me despertou.
Lá abri e vi os nomes dos 10 artistas e respectivos álbuns e para cada um deles um vídeo do youtube. Até aqui tudo bem, toca de começar a ouvir e descobrir de tudo um pouco, desde os The Bellrays, que apesar de terem já 8 álbuns apenas têm direito a um vídeo gravado com uma handycam/telemóvel de um cover dos AC/DC, a um vídeo da Emiliana Torrini que é 1/3 do making of do álbum com ela a falar por cima da música (vá, ao menos tem a ver com o álbum). Mas o melhor de todos é mesmo o exemplar do Del The Funkee Homosapien que é nada mais nada menos do que uma música do seu primeiro álbum, de 1991! E eu que estava a estranhar alguém ainda fazer música assim...

Será preguiça? Incompetência? Falta de vergonha? Não sei, mas não há dúvida que é pouco profissional.

A Ópera e o Porto

O Governo corta o subsídio de 250 mil euros para a produção de Ópera no Porto, que há 10 anos se traduzia nas noites do Coliseu. O Coliseu e os vereadores da Câmara escandalizam-se. O Ministro diz, como quem inteligente, que a produção de ópera ganha em ser centralizada na Casa da Música que já recebe dinheiro para nos dar cultura. A Casa da Música não tem condições para receber um espectáculo de ópera porque não tem fosse de orquestra (uma questão já muito discutida na altura da construção). O Ministro quer que a Casa da Música vá fazer os espectáculos ao Coliseu. O Ministro diz, como quem pouco inteligente, que o Coliseu deverá ser mais utilizado do que é. Pouco inteligente porque os exaltadores mudam as palavras para "o Coliseu faz pouca coisa" e aqui d'el rei que não fazemos assim tão pouca. Era envolver o La Féria e tínhamos uma nova rivolição.

Discutir o modelo de financiamento e produção de ópera no Porto é que não, que isso são assuntos aborrecidos. Vamos antes passar os próximos dias em estilo folhetim para depois acabar tudo sem ninguém saber bem como. E vamos ter esperança de que a vontade governamental faça com que as duas maiores salas portuenses estabeleçam parcerias em que uma deixa de ter a autonomia que sempre teve e a outra passa a ter que organizar espectáculos de ópera sem receber mais dinheiro por isso e sem se saber se quer mesmo.

notícias:
declarações do ministro
declarações do coliseu
declarações dos políticos
afinal falta é dinheiro

Da outra maçã

> 15 de Janeiro, Big Apple, concerto dos Bon Jovi?
Deve ser.

> Há músicos nos américas a apoiarem candidatos à presidência e a fazerem concertos para angariação de fundos?
Diz que sim.

> Há angariações de fundos para pagar as dívidas dos candidatos derrotados?
... ?

Esta já foi novidade para mim, mas é mesmo assim: o concerto do Bon Jovi em Nova York é apresentado como «a final evening in support of Hillary Clinton for President Debt Relief».

Novidades da maçã

As (outras) novidades do fim da exclusividade do iTunes e as lições do GarageBand não conseguem, de modo algum, competir com a notícia do fim do DRM nas músicas do iTunes!

Diz a NME:
«CEO Steve Jobs said that from today, all four major music labels—Universal Music Group, Sony BMG, Warner Music Group and EMI, along with thousands of independent labels, are offering their music in iTunes Plus, Apple’s DRM-free format with higher-quality 256 kbps AAC encoding for audio quality which is “virtually indistinguishable from the original recordings”.»
Ok, esta última frase não soa bem verdade, tal como a que na Blitz diz que a «Apple já se tinha insurgido contra os D.R.M. mas as grandes editoras continuavam a querer mantê-los como forma de ajudar as outras lojas digitais a competir com a Apple.»

O que interessa mesmo é que todas as músicas à venda vão deixar de ter a ridícula limitação de cópia, o que vai trazer também um novo modelo de preços: 69 cêntimos (maioria), 99 cêntimos, $1.29 (hits). Claro que quem já comprou músicas com DRM e quiser actualizá-las para a versão em condições terá que desembolsar apenas 30% do preço do álbum (a generosidade Apple a que já estamos habituados).

No fim de contas, são óptimas notícias, mas nada que não devesse já ser assim à partida.

Enfeitiçadas pelo movimento

Os anos passam e as tribos são outras mas o ridículo da descrição jornalística continua a ser um deleite pleno de estupidez. Se bem que pelo uso da palavra "ciberespaço" talvez seja mesmo um artigo vindo do passado...

«Movimento leva Menores a fugir de casa

Enfeitiçadas pelo movimento Emo, que se inspira na banda de música alemã Tokio Hotel, duas adolescentes de Leiria, de 13 e 14 anos, fugiram de casa e refugiaram-se na residência de amigos, em Lisboa. (...) as jovens pertencem a famílias "perfeitamente normais" e conhecidas na cidade, mas deixaram levar-se pela filosofia Emo e partiram sozinhas para a capital, sem dar notícias à família.
Conheceram um rapaz do mesmo movimento, pela internet, e foi através dele que conseguiram garantir estadia em Lisboa. Após saírem das aulas, apanharam um autocarro e seguiram ao encontro dos amigos conquistados no ciberespaço. (...) Os Emo caracterizam-se por usar uma franja, terem as unhas pintadas de preto e apreciarem o rock punk melódico

in Correio da Manhã (quem mais podia ser?)

Parabéns Motown

50 anos de Motown: uma das editoras mais importantes da história da música, na definição de um estilo e na integração dos negros americanos na indústria musical.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Breves de Janeiro

Começamos 2009 com uma série de breves fresquinhas:

- Os Nine Inch Nails tiveram em Ghosts I-IV o álbum em formato mp3 mais vendido na Amazon.com em 2008. Foi mais um lançamento sui generis de Trent Reznor, sob a licença Creative Commons. Mais informação quanto ao modelo de lançamento do álbum aqui. Segundo o Guardian froam também disponibilizados recentemente e gratuitamente "400GB de gravações ao vivo em alta definição, convidando os fãs para editar o material em bruto".

- Corey Taylor (Slipknot, Stone Sour) vai seguir a solo. Diz ele: "Tanto nos Slipknot como nos Stone Sour sinto-me algo limitado relativamente à escrita de canções e os assuntos sobre os quais posso escrever. A beleza de fazer um disco a solo é que assim posso escrever o que quiser". Queres ver que vai tentar fazer música (e) que não seja sobre adolescentes revoltados?

- A Música no Coração anunciou um festival de reggae para a Ericeira.

- A Anastacia disse que a música nunca mexeu consigo, que às vezes até a acha irritante e que prefere o silêncio a um CD. É recíproco: eu também acho a música da Anastacia irritante e prefiro o silêncio.

- A fadista Mariza vai embarcar numa ambiciosa digressão internacional de 48 concertos em 3 meses.

- A consultora Nielsen estimou um crescimento de 10% nas vendas de música na internet em 2008 e um decréscimo nas vendas em suporte físico de 14% nas lojas tradicionais e 8,6% nas lojas web.

- Mais um passo da Apple para dominar o Mundo: agora que cada vez haviam mais sites de aulas de guitarra et al. pela internet fora, diz-se que a próxima versão do GarageBand vai trazer a possibilidade de download de lições dadas por músicos de renome.

Wangcaster

«Wow, that guitar has balls!»
(Jon Bon Jovi)

Das guitarras com botões II

«I'm so hopeful for the future of music because we've gone through a very difficult period, where it's become a lot more poppy and there's been a magic taken out of music, and I hope it's starting to come back. I think a lot of these young kids that start out with Guitar Hero and Rock Band are developing an interest in music and learning how to really play the songs.» disse Alex Lifeson na entrevista que referi na posta anterior.

Visão diferente vem no artigo de opinião que gostei de ler no Guardian. Num tom humorista, o autor parte dos dados mais sérios de que, pela primeira vez, as vendas de jogos podem ter superado as de música e DVD's em conjunto, e da popularidade dos "jogos de guitarra" para sugerir:

«Rather than making Guitar Hero guitars harder or more "realistic", surely the success of Guitar Hero means that the onus is now on the manufacturers of "real" guitars to make them easier (...)
Why are they still making guitars with "real" strings that are difficult and boring to learn how to play and really make your fingers hurt? What is the point? (...) Buttons have proven themselves to be much easier and more efficient. Plus, with the button guitar you can still use the instrument for its main purpose – pretending that it's a penis or a machine gun. (...)
We demand piece-of-piss-to-play button guitars now. And pre-programmed "hurdy gurdy" guitars that actually play both louder and faster the harder you crank the handle. (...)»

Das guitarras com botões

Desde os 60's que é o intrumento mais fixe, a cara do rock e o instrumento mais tocado por adolescentes. Sim, é a guitarra, e as próximas postas são sobre ela.

Já cá falámos várias vezes do fenómeno crescente dos jogos de guitarra, como o Guitar Hero e o Rock Band. Foi o Death Magnetic que os Metallica lançaram simultaneamente em versão audível e jogável, o Ten dos Pearl Jam, o Moving Pictures dos Rush, o jogo dedicado aos Metallica... agora é o Boss a oferecer músicas através do Guitar Hero.
Pois se um fenómeno cresce em popularidade, acompanha-o uma resma de declarações e opiniões nas internetes. Há de tudo, dos amuos do tipo dos Nickelback que diz que o jogo não presta porque não é real (vide definição de jogo, Mr. RockStar [acho que no Ermal foi mais stoner que rocker]), aos louvores eternos por parte de todos aqueles que conseguem ser, no seu mundo privado, fixes como o Slash sem terem que perder a adolescência (ou pelo menos perdendo-a a jogar e não a tocar guitarra). Mesmo assim, tenho para mim que deve ser mais fácil fazer furor no liceu como guitarrista do que como gamer. Ou então não, que os tempos até podem ser outros e os solos já não estão na moda.
Há tempos vi uma entrevista ao Alex Lifeson (guitarrista lendário dos Rush) em que ele comentava o fenómeno, dizendo que via agora fãs muito novos (~10 anos) nos concertos, conhecedores das músicas, e que isso deveria ser efeito da popularidade desses jogos, popularidade essa que os Rush têm sabido aproveitar. Ficava também em aberto uma questão que acho interessante que é se estes jogos podem trazer a guitarra de novo para a ribalta. Tudo bem que o jogo não é destinado a guitarristas - confesso que já experimentei mas cometi o erro de escolher uma música que sei de facto tocar, o que lançou duas partes do meu cérebro num combate violento pelo domínio dos dedos - mas não poderá despertar o gosto nos jogadores de passarem para o instrumento a sério? Será que com a popularidade destes jogos, que voltam a valorizar a dificuldade de execução, se poderá assistir a uma nova moda de solos? Será o próximo revivalismo o dos 70's? Será que os The Darkness e os Wolfmother vieram antes (apesar de depois) do tempo? Venham eles e tragam a boa música, mas por favor não tragam as camisas maricas.

domingo, 4 de janeiro de 2009

FFB @ Arcos de Valdevez

Manel Cruz (Foge Foge Bandido)
Auditório da Casa das Artes
Arcos de Valdevez
21 de Março
23h

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Phalasolo

A alegria com que receberão a notícia dependerá dos vossos gostos mas não venho (só) divulgar o lançamento do álbum a solo do New Max (dos Expensive Soul), com participações de Pac Man, Demo, Virgul, Marta Ren, Sam the Kid e Regula. Venho sim saudar o facto de que também em Portugal se começam a abraçar novas formas de divulgação da música, já não confinadas ao reduto das netlabels mais generosas e das bandas de garagem mais desesperadas ou anarquistas.

«Como agradecimento aos meus fãs pelo vosso apoio contínuo, venho por este meio oferecer-vos o meu primeiro álbum a solo completamente grátis»

E assim é. O álbum está integralmente para download no site do artista, em formato mp3 e wav. E o site até está jeitoso e dinâmico, com vídeos e widgets e tal. Algum profissionalismo fica sempre bem na terra dos serviços mínimos.