Voltando à questão da cultura... defendo então o regresso da obrigatoriedade de cantar na sua língua de origem. Os acéfalos acharão o argumento fascista. Os mais elucidados perceberão como isto se inclui no ideário actual da Europa, em que a uma integração económica cada vez mais profunda nesta era de globalização se deverá opôr um movimento de preservação das raízes culturais de cada povo. Não creio que estas estejam em risco - a chamada world music continua a ter grande destaque - mas nem todos os países as preservam da mesma maneira. Mas a mudança não se faz com regras, faz-se com mentalidades.
Falando do caso português, que é o que me diz respeito, não precisamos de fazer algo só porque Montenegro e a Letónia também fazem. O objectivo não deverá ser o de vencer, já que o cartel balcânico tratará disso nos próximos anos. Assim, de que interessa levar músicas de discoteca, metade em inglês e metade em português, cantadas por artistas pouco vestidas ou técnicos de cosmética? Porque não concentrarmo-nos em levar algo verdadeiramente representativo?
Entenda-se que não defendo condicionalismos ao concurso. Os pirosos podem continuar a ter o seu espaço. Isto é mais uma descrição do que seria a minha participação ideal. A do ano passado já esteve mais perto disso do que a dos anos anteriores. O que ninguém pode negar, e que tem que dar que pensar, é que a melhor classificação de sempre foi a da Lúcia Moniz, nos seus 19 anos e de cavaquinho ao peito. A música, com sonoridades a piscar o olho ao tradicional, conta com o acompanhamento dos bombos e uma letra bem portuguesa. Em 1996 foi o 6º lugar. Agora, pelo menos, seria música com qualidade e sentido.
Há tantas bandas folk por aí a reivindicar a reinvenção das tradições mas a queixarem-se de falta de divulgação... eu gostava de as ver no Festival RTP da Canção. Quem diz folk, diz fadistas e derivados. Algo marcadamente português. Quem sabe corria bem e o público gostava. Podiam não ganhar mas abriam portas a outros. E podiam até ganhar e ir à Europa. E podiam, como a Lúcia Moniz, mostrar que as particularidades ganham sempre à clonagem. Se não em votos, em honra.
Para terminar, fica o vídeo da 2ª melhor prestação lusa de sempre. Porquê? Porque é fixe! :)
Para terminar, fica o vídeo da 2ª melhor prestação lusa de sempre. Porquê? Porque é fixe! :)
3 comentários:
A língua é só uma forma de representar a cultura dum país, o mais importante é mesmo a música, e aí nós temos muito que explorar.
Juntando este post ao teu anterior, e aproveitando a boleia dos Lordi, parece-me mais que óbvio que a única forma de ganharmos esta merda é mandarmos para lá os Moonspell a cantar a Alma Mater :P
Não acho nada! Mandem o Júlio Pereira a tocar uma merda com tomates no bandolim com a Sara Tavares aos gritos atrás que tu vês quem ganha aquela merda!
nem era preciso a sara tavares. a sofia vitória, que canta com ele, é muito boa. ironicamente, também ela foi à eurovisão com uma música ranhosa de dança, subaproveitando-a completamente.
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