terça-feira, 21 de outubro de 2008

Um sonho feito de imagens e sons

Mais um post relacionado com o Ciclo de Cinema sobre Manoel de Oliveira, a decorrer na Fundação de Serralves (cf. aqui).

Refiro-me ao absolutamente extraordinário filme O Convento, exibido na passada terça-feira, 14 de Outubro. A atmosfera do filme é de tal forma sombria, onírica e alucinada que, como alguém disse, depois de vermos o filme não temos bem a certeza se o vimos ou sonhámos. A fotografia e o sentido do enquadramento são, como é habitual em Oliveira, não menos originais do que irrepreensíveis. E quatro actores verdadeiramente alucinados, autênticos espectros movendo-se na tela: John Malkovich, Catherine Deneuve, Luís Miguel Cintra (o melhor dos 4!!!) e Leonor Silveira.

Bem, e perguntam por que razão um post destes num blog sobre música. Por duas razões. Em primeiro lugar, porque esta forma de contar histórias, pelo encantamento que provoca, é essencialmente musical. Depois, porque a música tem um papel essencial no filme, como contraponto da imagem, contribuindo decisivamente para reforçar o seu carácter alucinado - é, de facto, a música que, em boa medida, dá profundidade à imagem, lhe dá relevo, um outro significado. Deixo este pequeno excerto do YouTube, que não deixa adivinhar a história de modo demasiado descarado, mas que pode dar uma ideia do que estou a falar.

(Haveria, aliás, muito a falar sobre a utilização da música em Manoel de Oliveira, numa abordagem tão pessoal quanto a de, por exemplo, Stanley Kubrick ou Andrei Tarkovsky (cf. aqui). Voltarei a este assunto.)

NOTA: Creio que a música é de Sofia Gubaidulina, como a maior parte da banda sonora, mas ainda não consegui confirmar relativamente a esta passagem em particular.



Daniel.

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