De vez em quando, a vida cultural no Porto tem os seus altos. Na verdade, depois dos comentários recentes acerca da "produção" (deveria dizer destruição?!?!) dos Carmina Burana do nosso "amigo" Carl Orff (o percurso político e cívico deste senhor mereceria aliás, só por si, um post separado...), no Coliseu (esse grande espaço do bailado e da música!!!), convinha referir algo de positivo...
Pois então, está a decorrer na Fundação de Serralves um ciclo de cinema em que é apresentada toda a obra de Manoel de Oliveira, acrescida de outros filmes, creio, por ele escolhidos (ou que de qualquer forma, têm afinidades com a obra dele). Esses filmes incluem Rebecca de Hitchcock, Le Charme Discret de la Bourgeoisie de Buñuel, A Paixão Segundo Mateus de Pasolini, entre muitos muitos outros. Um desses outros é o motivo deste post: o fabuloso, extraordinário Parsifal, do realizador alemão Hans Jürgen Syberberg, que consiste numa encenação fílmica da ópera de Wagner, ópera essa que contem alguma da música mais sublime alguma vez composta.
Não me vou alongar muito. Muito menos discutir as supostas simpatias nazis que estão implícitas tanto na ópera de Wagner como no próprio filme. Parecem-me aliás, ideias sem qualquer fundamento. Queria apenas referir que, apesar da limitação do propósito inicial (tratando-se de filmar uma ópera), os cenários, a cor da fotografia, o trabalho dos actores (ouvimos uma gravação por cantores profissionais, mas vemos actores que, embora também tendo cantado nas filmagens - o grau de detalhe com que Syberberg filma as expressões faciais, durante o canto, é verdadeiramente extraordinário -, são dobrados), a mobilidade hiptónica da câmara conferem ao filme uma força incrível. As pouco mais de 10 pessoas que assistiram a este filme no passado Domingo nem sentiram pelas quatro horas a passar... (não houve intervalo, de resto)
Mais informações aqui e aqui.
Dois pequenos excertos (pequenos por comparação com a duração da ópera...):
do Prelúdio:
do Segundo Acto:
Daniel.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
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