Boa noite, boa Sexta-Feira e um bom fim de semana no geral. A quem pensava já que este post não ia para o blog hoje tenho só a dizer que estava só a criar suspense. Obrigado por se juntarem a nós para mais um "As Escolhas do Marmelo", cada vez mais um serviço público de grande utilidade.
Hoje, mais um tema de grande interesse e diria, coragem! Imagem como é difícil meter o pescoço no cepo (ou os ouvidos nos auscultadores) ouvindo bandas terríveis na esperança de encontrar pérolas perdidas.
E qual é o problema das listas de bons álbuns por más bandas, na humilde opinião deste marmelo? Simples, nem os álbuns são assim tão maus nem as bandas assim tão boas (ou vice-versa, já não sei bem).
Começo com um óbvio para os leitores da minha geração: Dookie dos Green Day. Embora a garotagem de hoje em dia não saiba, os Green Day não foram sempre uns quarentões com eyeliner. Em tempos idos, eram jovens que se vestiam de acordo com a idade e que estavam mais interessados em fazer rock do que em ganhar dinheiro à custa dos miúdos "fixes". Dookie é provavelmente o único álbum bom desta banda que rapidamente se dedicou ao "punk acústico", como eu gosto de lhe chamar, e, mais tarde, à merda completa.
Outra das bandas que a garotada de hoje aprecia são os Avenged Sevenfold. Não sei se é da maquilhagem, da falta de gosto, dos gutorais, do QUALQUERCOISAcore, mas parece que são mais uma banda a juntar diversos ingredientes explosivos que facilmente catapultam qualquer um para o sucesso.
Ainda assim, e como é para isso que serve este artigo, há pérolas no meio do lixo. O álbum City of Evil, verdade seja dita, é um grande álbum de guitarras numa altura em que estes já são poucos. Se fecharmos os olhos ao quão posers estas pessoas são e à música nº6 (se bem que à musica não adianta muito fechar os olhos) temos aqui um álbum capaz de fazer o Slash virar-se na cova para esconder o tesão (fontes diversas afirmam que Slash não está nada morto, depois de ouvir os álbuns de Velvet Revolver decida o leitor por si mesmo).
Próxima sugestão: Loose de Nelly Furtado. Passando o preconceito da música pop fófinha (e a vergonha), ao ouvir este álbum na integra, tirando duas músicas lá pró meio, percebe-se o que é um óptimo trabalho de estúdio. É pena que a electrónica tenha demorado à volta de 20-30 anos a aparecer em música de qualidade. Timbaland nos seus tempos áureos (antes do álbum do Cornell), Nelly a fazer várias camadas de voz, instrumentais mesmo estranhos e minimalistas para música que passa na MTV, músicas bem escritas, são todos bons motivos para deixarem de lado a vergonha e darem uma oportunidade a esta pérola.
Era uma vez uma banda emo chamada Panic! at the Disco. Como Qualquer banda emo, os Panic! at the Disco gostavam de chorar, fazer música má e dormir juntinhos, todos na mesma cama. Ora, isto costuma ter um problema, que é: se o gajo mais à direita na cama cai pelo lado esquerdo, empurra toda a gente para fora da cama com ele. Foi o que aconteceu. Caíram todos abaixo da cama e bateram com a cabeça na mesinha de cabeceira. E a mesinha de cabeceira devia ser muito, mas mesmo muito dura!
Não tendo conhecimentos clínicos que me permitam explicar o que acontece ao certo nas cabeças que batem em mesinhas de cabeceira muito, mas mesmo muito duras, resta-me apenas relatar o que aconteceu neste caso em particular: os Panic! at the Disco mudaram o nome para Panic at the Disco e lançaram um álbum bom - Pretty. Odd.. Provavelmente foram possuídos pelos espíritos sagrados de Lennon e Harrison, porque este álbum é um hino à música dos Beatles, um álbum pop numa década em que já não há pop sem misturar hiphop e essas cenas que eu não percebo, não percebo.
Há muita cena estranha no Japão. provavelmente alguns dos caros leitores, cultos como são, já ouviram falar de um estilo "musical" chamado Visual Kei (raparem como um estilo musical tem Visual no nome). Isso consiste em quê? - pergunta o leitor sem ter noção no que se está a meter. Imaginem uns meninos(as) a tocarem música parecida com a que os Green Day fazem hoje em dia mas todos vestidos como as personagens dos rpgs japoneses, com roupas todas espampanantes e cabelos todos espetados e com cores fluorescentes.
Isto a propósito de um catraio (chamado Miyavi) que era guitarrista numa banda destas e que decidiu fazer uma carreira a solo. Continuou a fazer música de merda, até que um dia lhe deu um sopro (como aconteceu a todos os sujeitos dos álbuns sugeridos neste artigo) e decidiu aprender a tocar guitarra como deve ser e lançou Dokuso.
E voltamos às terras do sol poente para falar de uma das melhores piores bandas de sempre, cujo vocalista além de ser um génio musical também sabe tocar guitarra como ninguém: Limp Bizkit, pois claro! Definiram um dos piores momentos musicais do século e, com vergonha na cara que andava sempre pintada, o guitarrista Wes Borland saiu da banda para que esta pudesse atingir níveis ainda mais baixos de qualidade.
Alguns anos passaram e Wes voltaria a entrar para a banda. Lançaram o ep The Unquestionable Truth (part 1) que deve ser o único registo decente da banda (desculpem mas não encontrei vídeo melhor), antes que o guitarrista fugisse outra vez.
Decidi terminar este artigo com um dos artistas portugueses de maior gabarito e pior gosto: José Cid.
Se as suas capacidades como músico e compositor são inquestionáveis, já o seu "bom" gosto não é tanto assim. Mesmo nos seus melhores momentos há sempre qualquer coisa embaraçosa que faz com que toda a gente sinta um misto de carinho e simpatia pelo músico.
O álbum de José Cid que vou sugerir, adivinharam: 10,000 Anos Depois Entre Vénus e Marte. Para quem não conhece, só posso dizer que deviam ter vergonha. É rock progressivo dos anos 70 no seu melhor. Imaginem Pink Floyd, King Crimson, Yes, mas cantado pelo nosso amigo Cid.
Sem dúvida o melhor álbum português de sempre (tirando os dos Fingertips).
Por esta semana é tudo, até à próxima!
Este artigo é interactivo e faz uso de novas tecnologias (podem enviar-me sms com sugestões para artigos que eu vou provavelmente ignorá-las)
sexta-feira, 31 de julho de 2009
As Escolhas do Marmelo (4)
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2 comentários:
continue com o serviço público, Professor Marmelo, sou o seu fã número 1!
(olha um post em que as pessoas conseguem conhecer metade das bandas)
É para não deixar os leitores desmotivados!
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