sexta-feira, 17 de julho de 2009

As Escolhas do Marmelo (2)

Olá outra vez, caros leitores. Bem vindos a mais uma edição das minhas escolhas!
Esta semana, decidi escrever uma lista que é muito mais que uma lista: é quase um guia Michelin de música que ninguém ouve, só que sem as avaliações com estrelas! É um verdadeiro guia de engate, qual roteiro da pinocada!

Álbuns para Engatar uma Gaja Indie:

Esta semana decidi aprofundar um tema mencionado na última (primeira) edição desta rubrica: o engate de gajas indie (às quais me irei referir como indias).
Na humilde opinião deste marmelo, o grande problema das listas de álbuns para o engate de gajas indie é que o problema real do engate não é identificado. Reparem, normalmente são apenas listas normais de álbuns indie, quando é fácil de perceber que para o engate é necessária uma arma mais forte.

Depois de rever vários estudos sobre a psique das indias cheguei à conclusão que o que mais excita uma rapariga destas é, no fundo, o mesmo que excita outra rapariga qualquer: um homem dominador que sabe o que está a fazer. Assim sendo, é óbvio que não só os álbuns desta lista têm de ser indie, como também têm de ser quase completamente desconhecidos.

A primeira parte da actuação do galã, deve passar pela investigação profunda do alvo de modo a descobrir que bandas ela gosta. Ou então basta olhar para a t-shirt dela.

Se ela for apenas moderadamente indie, ou seja, se ouvir coisas mais ou menos mainstream como Vampire Weekend podem jogar uma bela cartada ao dizerem "já passei essa fase" e que "agora só ouço música africana como The Hallelujah Chicken Run Band". No álbum Take One, principalmente, a música é quase como Vampire Weekend, mas sem as teclas à The Cure e cantado numa língua africana qualquer.

Se, por outro lado, a primeira coisa que ela vos perguntar, mesmo antes do nome, for "Gostas mais de The Mars Volta ou At The Drive-In?", controlem a vontade de a espancar por ter dito "de The", guardando a energia para uma altura mais própria, quando Um Tapinha Não Dói™. Em vez disso, façam um ar de connaisseur e digam: "Eu gostava mais deles antes dos ATD-I, quando o Cedric tocava bateria nos The Fall On Deaf Ears". De facto (ahah), parte desta banda eram duas raparigas de 17 anos que morreram num acidente de carro, inspirando uma das músicas mais conhecidas dos ATD-I, Napoleon Solo. Só têm um EP cujas 5 músicas têm trechos do Bitches Brew!! Não sei o que mais precisam para papar a gaja...

Ainda nesta cena do punk, aproveito para sugerir um que vai deixar qualquer india molhadinha (a mim deixa, pelo menos). Dissertation, Honey dos The Plot to Blow Up the Eiffel Tower, uma mistura frenética entre punk e jazz.

Para as indias que gostam de música mais rápida (leia-se abusada), com uma perninha no QUALQUERCOISAcore ou assim, a minha única possível recomendação é iwrestledabearonce. Misturam breakcore (grindcore?) com interlúdios quase ambientais, mas atenção, tudo com muita ironia. Também só têm um EP e um LP, o que ajuda a aumentar o nível de desconhecimento. É aproveitar antes que toda a gente ande por aí com t-shirts deles.

Se a india em questão é mais dos dance-punks e cenas com alguma electrónica, falem-lhe dos Grabba Grabba Tape. Gostava de ter uma descrição à altura, coisas como "dois gajos vestidos de Chewbacca branco e rosa" não chega, acreditem. Apesar de serem espanhóis e espanha ser jah ali, é muito difícil encontrar material deles editado (ou pirateado), aumentando muito os indie-ces de indie-ness. Ah, o álbum chama-se
KURT KOBAYA Y G.R.O.X. MAN ODIA NIRVANA.

Ufa, já cobri quase todos os casos possíveis. Ainda assim falta um muito importante, que é o da gaja que só ouve Animal Collective. Não consigo imaginar como é que o leitor possa estar interessado em alguém assim, mas quem sou eu para julgar? Sou só mais um marmelo. Vou deixar aqui uma bomba atómica, daquelas que é preciso ter cuidado ao usar. Paavoharju. Say what? Vou repetir: Paavoharju. Segundo a wikipedia são um colectivo asceticista cristão que se dedica a fazer psych-folk ambiental. O álbum que recomendo é o Laulu Laakson Kukista porque tive medo de ouvir os outros.

Quando bem usadas, estas recomendações são extremamente eficazes. Tenham cuidado e usem com descrição, porque de cada vez que falam destas bandas a uma gaja, ela e as amigas vão começar a ouvir e é poder de fogo que estão a perder.

Até para a semana!

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