Os Australian Pink Floyd são, pasmem-se, uma banda de tributo aos Pink Floyd. Não tocam originais, vivem da aproximação ao som e à experiência de concerto duma outra banda, que tinha um grupo bem diferente - e irrepetível (em várias dimensões) - de pessoas. Logo, o seu valor artístico é nulo, certo? Gostava de convidar todos os que ousaram em algum momento pensar que sim a assistir ao solo final da Comfortably Numb tocado por estes senhores (na verdade, tocado por Damian Darlington). Um aviso: levem roupa interior justinha, se não têm que recolher os testículos junto do chão.
Pondo de lado a retórica - a discussão sobre o valor artístico - tenho-vos a dizer que este concerto, acima de tudo, soube muito bem. Diziam-me à saída que se fechássemos os olhos por uns instantes acreditávamos estar na presença dos verdadeiros Pink Floyd, mas eu nem vou por aí. A música é uma aposta certa, seria difícil fazer com que não resultasse, mas apesar disso as interpretações foram verdadeiramente notáveis, vindas de quem vive e respira PF há muitos anos, com muitas horas de treino e estudo em cima, nunca deixando de ter (embora por vezes só implicitamente) um forte cunho pessoal.
Ainda para mais, o set list foi bastante peculiar...
Parte I: The Wall, cd 1
Parte II: The Wall, cd 2
Encore: Brain Damage e Eclipse (final Dark Side of the Moon)
... e merece alguns comentários:
i) mais importante que tudo o resto, estes dois conjuntos (The Wall e final do DSOTM) são um campo em aberto, no sentido em que são bastante susceptíveis de interpretações (falo agora apenas conceptualmente) e os aspectos apontados pelos Aussie PF - a nível cénico - foram extremamente interessantes e reveladores, funcionaram como a cereja no topo do bolo (o bolo obviamente era a música e a interpretação artística);
ii) infelizmente, não me parece que o Coliseu dos Recreios fosse o sítio certo para um espectáculo daqueles. O palco pareceu mesmo demasiado pequeno, e alguns aspectos prometidos - por exemplo os insufláveis (não bonecas) - tiveram que ficar de fora;
iii) em último lugar, uma semi-crítica: saímos do concerto com vontade de mais (sinal de que foi bastante bom), porque não foram tocados alguns temas incontornáveis (Time, Money, Shine on, etc), clássicos absolutos que vivem para lá do nosso gosto pessoal.
All in all, superou imenso as minhas expectativas, até porque eu sou dos tais que diz(ia) que PF é para os PF, apesar do que diz o David Gilmour, que reconheceu pessoalmente o valor dos Aussie em várias ocasiões. Mesmo que eles não sejam os PF, é uma alegria ver música tão bem tocada e fazer parte dum evento de celebração, de festejo musical deste calibre.
Oscar
Pondo de lado a retórica - a discussão sobre o valor artístico - tenho-vos a dizer que este concerto, acima de tudo, soube muito bem. Diziam-me à saída que se fechássemos os olhos por uns instantes acreditávamos estar na presença dos verdadeiros Pink Floyd, mas eu nem vou por aí. A música é uma aposta certa, seria difícil fazer com que não resultasse, mas apesar disso as interpretações foram verdadeiramente notáveis, vindas de quem vive e respira PF há muitos anos, com muitas horas de treino e estudo em cima, nunca deixando de ter (embora por vezes só implicitamente) um forte cunho pessoal.
Ainda para mais, o set list foi bastante peculiar...
Parte I: The Wall, cd 1
Parte II: The Wall, cd 2
Encore: Brain Damage e Eclipse (final Dark Side of the Moon)
... e merece alguns comentários:
i) mais importante que tudo o resto, estes dois conjuntos (The Wall e final do DSOTM) são um campo em aberto, no sentido em que são bastante susceptíveis de interpretações (falo agora apenas conceptualmente) e os aspectos apontados pelos Aussie PF - a nível cénico - foram extremamente interessantes e reveladores, funcionaram como a cereja no topo do bolo (o bolo obviamente era a música e a interpretação artística);
ii) infelizmente, não me parece que o Coliseu dos Recreios fosse o sítio certo para um espectáculo daqueles. O palco pareceu mesmo demasiado pequeno, e alguns aspectos prometidos - por exemplo os insufláveis (não bonecas) - tiveram que ficar de fora;
iii) em último lugar, uma semi-crítica: saímos do concerto com vontade de mais (sinal de que foi bastante bom), porque não foram tocados alguns temas incontornáveis (Time, Money, Shine on, etc), clássicos absolutos que vivem para lá do nosso gosto pessoal.
All in all, superou imenso as minhas expectativas, até porque eu sou dos tais que diz(ia) que PF é para os PF, apesar do que diz o David Gilmour, que reconheceu pessoalmente o valor dos Aussie em várias ocasiões. Mesmo que eles não sejam os PF, é uma alegria ver música tão bem tocada e fazer parte dum evento de celebração, de festejo musical deste calibre.
Oscar
2 comentários:
Viva. Concordo em absoluto com o que disseste. Eu estava lá, com os meus pais (a quem ofereci os bilhetes no Natal) e fiquei convencido da mestria destes senhores. Conseguiram entregar ao público uma interpretação fantástica do The Wall, temperada com um certo humor auto-irónico que só lhes ficou bem. E a canção final de encore foi muito bem escolhida.
O único lamento que faço é faltar a este grupo aquele orçamento monstruoso dos Pink Floyd originais, que lhes permitisse executar as músicas com a grandiosidade que merecem. Embora tenham conseguido montar um espectáculo soberbo, achei que as animações originais do filme The Wall teriam causado maior impacto. Percebo que talvez não tenham os direitos para as exibir nos espectáculos, mas as animações em computador que mostraram (apesar das cómicas referências australianas) sabem a pouco quando vamos para casa e vemos as originais no Youtube. Seria incrível ver o que estes rapazes conseguiriam fazer com mais elementos cénicos e tecnológicos.
Não deixou de ser uma grande noite.
Essa questão das animações por acaso é muito interessante. Não sei como funcionam os direitos do filme The Wall de Alan Parker, mas partindo do pressuposto que eles não foram autorizados a reproduzir as animações originais de Gerald Scarfe, como é que foram autorizados a fazer uma cópia (supostamente) quase exacta? A substância não é a mesma? Claro que há outra hipótese, que é a de eles só serem autorizados a passar as animações originais sem qualquer tipo de manipulação (como as piadas australianas ou aquelas animações novas entre os "empty spaces" (:P) das antigas. E aí já se percebe melhor, I guess. Mas nesse aspecto concordo contigo, embora ache que algumas coisas que eles introduziram (falo aqui mais dos espaços entre as originais) foram muito positivas e esclarecedoras.
Quanto aos elementos cénicos, o que ouvi (de pessoal que já os tinha visto) foi que eles os costumam utilizar mas no coliseu dos recreios não deu para isso. Mesmo os lasers por vezes eram cortados pelo material... Não consigo confirmar isso, mas se alguém souber era bastante interessante.
Um abraço
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