terça-feira, 15 de junho de 2010
Orelha Negra
Há um par de meses, num dia em que uma incubação me deixou com mais tempo livre (sexta-feira, provavelmente), decidi dar uma checkadela na ipsilon antes de pinchar no pub.
Tinha lá uma crítica de discos que partia de uma permissa engraçada: malta dos Cool Hipnoise, BSS e o Sam the Kid decidiram juntar-se e fazer uma espécie de superbanda (eu prometo que hei de falar sobre este tema) anónima. Anónima de tal modo que a capa do disco e cartazes de divulgação são feitos com sleeveface (incluindo, por exemplo, um disco de Roberto Carlos). A crítica ao disco pareceu-me bastante interessante e se calhar um estilo de música que eu não associaria à primeira ao Sam the Kid (que me pareceu o nome mais desenquadrado aqui). Também não é novo o conceito de gente famosa a ter um segundo trabalho anónimo (lembro-me assim de repente dos Teratron, uns Daft Punk portugueses formados por membros dos Da Weasel).
Um belo dia, um par de semanas depois, dei por mim a deambular pelo Porto. Entrei numa Fnac. Sleeveface num vinil em exposição, dizendo só "Orelha Negra". Não estava muito caro.
Se há coisa que aprecio, é fazer uma aposta cega. Trouxe o disco sem ter ouvido uma música sequer.
É, a par dos Zelig, o disco português do ano e um dos que mais tem rodado no meu ipod (ironicamente, entretanto tive de arranjar a versão portátil) nos últimos tempos.
Numa era em que a maior parte da música é feita a pensar no itunes (com todas as vantagens e desvantagens inerentes) esta parece-me uma das melhores fusões entre o analógico e o digital. Os fãs de chavões poderiam usar aqui a palavra "refrescante".
Esta gente conseguiu fazer um som em que os samples pura e simplesmente interagem com o instrumental sem soar a colagem, algo que já certas bandas como os Blasted Mechanism ou The Bombazines tinham conseguido fazer muito bem, mas desta vez com um resultado ritmicamente muito mais lento, mais dançável no sentido arcaico da palavra. Os nossos pais poriam este disco a tocar numa festa de garagem antes de lançar os slows.
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8 comentários:
Não era "Ovelha Negra"?
só para o blitz :)
gosto imenso da «Lord» e «A Cura» (o sample do Ozzy dá um toque!). e da «Blessed», que não faz parte do álbum.
Eh pá, acabei de ouvir o álbum, isto é capaz de ser a minha produção nacional favorita de sempre. Começava a achar que só eu é que tinha bom gosto no país, é bom saber que estava errado.
Curto bué A Cura também.
Acho que há uma regra muito importante de que um gajo se esquece: eles samplaram o Júlio Isidro. Se tiveres o Júlio Isidro tens um selo da maior qualidade que pode haver
«Júlio Isidro Seal of Approval» :)
Telmo, aproveita para ouvir o Beats vol.1 do Sam the Kid. Não é a mesma linha, é apenas ele, mas é inteiramente instrumental. Foi o álbum que fez com que um rapper português pudesse aparecer no ipsilon e ser louvado.
Sabem quem também tem o Isidro no álbum? O Rouxinol Faduncho! :D Vou acatar a dica, Pedro.
"A Faixa" deste álbum é o próximo single: M.I.R.I.A.M.!
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